Natureza
Creio que o verdadeiro amor não é
como se falam às bocas por aí
Não aquele que se atribui às gêmeas,
Que se mostra no beijo da Rita
Que chove pétalas de rosa
Que leva em dejavu a doce Julieta
O verdadeiro tem o alcance do sol
que se revela a tudo que existe
Mas o amor, abnóxio, não nos queima
É o amor que está nos dentes da fêmea
Que brota no joio que não foi plantado
O verdadeiro amor é o que suporta calado,
o que segue a rota de amar como um astro,
sem nada esperar. Como um escravo optativo
Que está ali porque foi posto pelo amor maior
E que no difícil labor de amar, se contenta
É aquele que, após punhaladas e punhaladas,
deitado sobre o espelho de sangue,
olha quiescente no reflexo de bronze,
E reconhece a face clara de um estranho.
E na ânsia de uma última entrega de amor,
Enquanto aceita o fim que se apresenta
Cataloga em vão uma última recordação,
O casto amor, e por fim se exala.