A Corda
A corda aperta
o pescoço,
pergunto-me:
de quê adianta a agonia,
logo estarei morto!
Não é esta a corda
que aflige-me.
Mas a corda que me impede
de ser o que sou.
Esta corda mata-me
em vida,
desde o momento que acordo
e respiro.
São as mãos
que me estrangulam,
aniquilam sonhos,
formam máquinas.
O molde estabelecido:
Possua, siga, finja felicidade,
finja amar, finja ser.
Difícil entender,
o que posso fazer?,
a não ser fingir da
mesma forma,
ignorar a corda.
Esta tudo bem!
Finjo ser feliz,
finjo amar,
mas não consigo fingir ser.
Então:
Eu amo,
sou feliz
e sou.
E a corda,
como um belo colar
exibo, mesmo que venha
a me sufocar.