E quando tudo parecia perdido e o nó lhe tomava a garganta, sufocando-a, por uma fé inabalável e inexplicável, ela engoliu seco as justifificativas que se repetiam num tom de mais valia, respirou fundo e afirmou pra si mesma: se há alguém capaz de mudar tudo isso não será quem vem de fora, mas o que está aqui, em mim. Muito do que vivi e vivo, eu permiti. Ninguém se molha, se ao chover, tenha levado o guarda-chuva. Se me permito sentir na mesma proporção, o desamor destilado em fatias de humilhação, tão certo como o céu que me cobre, é o ego que me envolve. A dor que do outro sai, em forma de ofensa, só deve causar mal a si, porque quem se dispõe a sujar o outro, machucá-lo, sangrá-lo, reflete em si. As manchas são mais fortes em quem ataca, porque a vítima, é só um instrumento para que mostrem verdadeiramente quem são. Depois de se convencer sobre a realidade que a libertava, ascendeu-se, e teve sobre ele um olhar de compaixão. Afinal, a vida era curta demais para perder tempo com julgamentos.

Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 22/02/2019
Reeditado em 07/12/2021
Código do texto: T6581027
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