OLHOS CASTANHOS

Meus pensamentos estão me matando porque ainda não te matei. Posso sentir que os dias passarão, os anos também, mas seus olhos continuarão nas paredes da minha mente: firmes, castanhos, amorosos e tristonhos, sempre acompanhados dos seus lábios finos num meio sorriso que não mostra os dentes.

Talvez eu realmente tenha culpa do assunto indesejado que coloquei na mesa hoje, tudo pela curiosidade de no fim saber se tu andas melhor que eu.

A alma se mutila a cada nome que você diz ter passado uma noite incrível bebendo um vinho, das poesias que escreveu, dos beijos que não me deu, da saudade que sente dos olhos dele, não meus.

O coração fica pequeno, ao mesmo tempo que lateja e dilata. O sorriso falso é inevitável, o riso de nervoso com um som meio estridente entrega que a dor estava querendo sair por algum lugar, se não por palavras, talvez pela falsa risada. Os meus olhos não sabem para onde olhar, talvez olhar aquela pia com goteiras evita que eu mostre o que minha alma sente: perda.

Eu sigo sozinha, feliz com as minhas descobertas, feliz com as minhas conquistas, feliz simplesmente por ser. Mas, esporadicamente, penso como seria bom compartilhar com você o mundo novo que descobri, as teorias da conspiração que pensei e a nova playlist que criei.

Te deixei ir, bem como um ônibus deixa o passageiro sair sem saber se um dia ele irá voltar e nem o destino que tomará. Espero que volte, seu lugar aqui é vitalício.

Ayala Mariane
Enviado por Ayala Mariane em 22/02/2019
Reeditado em 07/03/2019
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