Ausência

Sua ausência não é capaz de destruir sons, cheiros ou cores. Sua ausência não torna ausente a essência de ínfimos detalhes que já nos pertenceram. Sua ausência não ausenta qualquer sentimento antigo e doce. Sua ausência é apenas a presença da saudade latente e da alegria imensurável, da alegria que me requere aprendizado e paciência. Sua ausência traz vivacidade a tantas pequenezas que me cercam e me abraçam com a leveza da vida.

Laços tão leves e soltos bordados pela sua própria essência, eu os carrego comigo. Sem nós, agulhas e dores. Bordados apenas com o brando deslize de seus dedos, que eu tanto amei, tanto beijei, tanto quis. Bordados com o calor dos seus lábios e o frescor dos seus braços. Bordados, assim.

Como poderia desfazer tais laços? Não posso, não vou, não quero. Eles enfeitaram nosso amor, também livre e belo. Eles enfeitam, ainda, o meu amor, que desconheço se ainda é seu também. Mas não importa.

Você foi responsável depois dos laços, dos bordados, dos beijos, dos amores e dos quereres. Como eu poderia detestá-la, se você só me trouxe paz, independência e sincero amor?