noite estrelada

um pé de cada vez

e os pés afundando na água

que passa por entre os dedos

e sobe pela canela

e aquele frio que sobe até o estômago

e embola na garganta

matei as minhas borboletas ano passado

na chuva

eu acho

deixei a água balançar pela minha perna

e os pouco fui afundando nele

naquele ritmo lento

como o sentir do prazer

primeiro os pés

depois os meus joelhos repletos de roxo

e depois a cintura magra

que sobe pela barriga

e agora a água toca a garganta

observei teu olhar vago na borda da piscina

e pensei nas minhas mãos

e as estrelas no céu

eu sei eu sei

tenho muitas travas

muitos sentimentos

e um corpo cheio de roxo

já não sei aceitar tanto contato humano

e acho que estou mudando ainda mais rápido

esses dias vi a formação de uma borboleta

acho que estou despindo minha pele magoada

e espero que saia algo bonito daqui

e meu quadril já não encaixa mais no teu

e minhas coxas

roxas

amarelo

e vermelho

deixei a água lavar a minha pele

e deixei os sentimentos

os pensamentos

na piscina

ao relento daquela noite estrelada

caroltell
Enviado por caroltell em 27/02/2019
Código do texto: T6585544
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