noite estrelada
um pé de cada vez
e os pés afundando na água
que passa por entre os dedos
e sobe pela canela
e aquele frio que sobe até o estômago
e embola na garganta
matei as minhas borboletas ano passado
na chuva
eu acho
deixei a água balançar pela minha perna
e os pouco fui afundando nele
naquele ritmo lento
como o sentir do prazer
primeiro os pés
depois os meus joelhos repletos de roxo
e depois a cintura magra
que sobe pela barriga
e agora a água toca a garganta
observei teu olhar vago na borda da piscina
e pensei nas minhas mãos
e as estrelas no céu
eu sei eu sei
tenho muitas travas
muitos sentimentos
e um corpo cheio de roxo
já não sei aceitar tanto contato humano
e acho que estou mudando ainda mais rápido
esses dias vi a formação de uma borboleta
acho que estou despindo minha pele magoada
e espero que saia algo bonito daqui
e meu quadril já não encaixa mais no teu
e minhas coxas
roxas
amarelo
e vermelho
deixei a água lavar a minha pele
e deixei os sentimentos
os pensamentos
na piscina
ao relento daquela noite estrelada