Não era uma lua nova

Depois de eliminar mais um número na escala (que não é a de Richter) na contagem regressiva para a morte, parei diante da lua que dava tom àquela noite que se punha. Como as fases da Lua resultam do fato de que ela não é um corpo luminoso, e sim um corpo iluminado pela luz do Sol, à medida que a Lua viaja ao redor da Terra ao longo dos dias, sua forma parece variar gradualmente.

Era Nova, não recebia luz do Sol, pois tanto ela quanto o sol estavam na mesma direção. Não podia me enquadrar nesta fase da lua. Meus pensamentos e eu tomavam rumos totalamente diferentes e o cansaço parecia adormecer em meus braços como uma criança em busca de abrigo.

Quem sabe crescente ou minguante, os antônimos? Qual seria o lado exato de minha concavidade? Se é que a tenho... Crescendo, crescendo, crescendo ou minguando, minguando, minguando... Das duas uma. Mas a identificação aida não vinha.

Pensei nas cheias. Mas depressa uma rasteira. Lembrei das dores daqueles que moram em regiões ribeirinhas durante o perído das cheias. Estavam muito mais ligadas às àguas que a lua essas consequências. Mas o pensamento voou...

Era mesmo cheia que estava me sentindo. Talvez empanturrada. De tarefas que no dia seguinte continuariam. De responsabilidades que a cada ano vindo, ganho. Das cobranças de família de criação de lar. Das intensas atividades em busca do sol. Estava falando da lua ou do sol?

Uma escada virtual não seria nada mal. Pelo menos iria ter uma visão global. E talvez tocar a lua. Que eu não era. E de cheia quero me fazer nesta noite em que sinto-me também, embora contradizendo, 100% mais iluminada. Incoerência! Não. Sinto-me apenas mulher... E quero ficar por aqui à noite toda assistindo este espetáculo... É como se a natureza soprasse: Feliz Idade!"

 
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 07/03/2019
Reeditado em 16/05/2019
Código do texto: T6591440
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