Última chance

Do amor, aquele laço de fita bordado a mão, não queria nó cego: decepção.
Do cuidado, um afago que nunca chegou, estava distante o seu sentimento.
Da prosa, que era a sua esperança, restou um ataque que não a encerra, mas decepa;
Do encantamento, tão peculiar, ficaram ali os destroços, amontoados na porção de sal diluída, que escorria pelo bigode japonês;
Da fé, que tinha naquilo, nada sobrou, era descrença.
Era a mesma história que aquele moço inventou, mostrando as garras que a martirizava, antes mesmo do encontro, num passado do pretérito.
O que era tudo, nem era nada. Nada mais era. Não erra mais nada.
Os papéis outrora assinados, não eram compromisso, mas um artifício pra (res)guardar a herança.
E nada que trazia era suficiente.
Matou por dentro (com resquícios de crueldade)
Por motivo torpe, brutalmente.
O respeito que haviam trocado.
Com o inevitável sepultamento enterrou também a última chance(não seria escrava dos sentidos aguçados pela presença pra ela tão marcante).
Quis colocar flores... Mas murcharam. Secaram.
Agora só restava a lembrança contaminada por aquele vírus bem dito (bendito).
Era o fim da aventura de apresentar como banquete aquele coração.
Ele parava de bater (ao menos naquele pique, intensidade).
Silêncio.
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 14/03/2019
Reeditado em 16/05/2019
Código do texto: T6597559
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