Aceite-me!6

Depois, vejo-me diante de Heloísa, apontando para o dedo indicador direito, vítima das sequelas da paralisia do corpo, que está como ponta de um cajado, quando ereto, aponta levemente para baixo. Diz: “Sabe, mãe, seu dedo está assim porque Deus está te controlando”.

Olha para minha barriga, continua: “daqui ele te controla também”.

Fixo os olhos para os de minha filha, fui atraída para Deus por meio de suas palavras. Pureza e amor, chego acreditar que estou em frente de Deus. Olho em suas pupilas, que estão paralisadas olhando para mim, emudeço, submerjo, fico como que em transe.

É por estas e outras, que não tem instante, não tem aquele lugar preparado, a forma, a técnica, como relâmpago, Deus aparece e desaparece novamente, mas a eternidade daquele instante supre a alma de conforto e significância, justificando assim este contato todo atrativo que sentimos dentro.

Os olhos que me vêem, as bocas que de mim falam, os ouvidos que ouvem sobre mim, sabem de onde são, do mesmo lugar na qual refiro como sendo a morada da alma.

Não sou digerível porque não tenho miolo, nem me considero substância densa, a única referência que tenho como tijolo primeiro da constituição do meu corpo, são os átomo, indomesticáveis cuja origem, diz a ciência ser de um tal Bósson de Higgs. Minha essência está tomada pela Onisciência, Onipresença e Onipotência da Fonte Suprema. Que está no controle.

Que as naturezas do fogo, do ar, da terra, da água, que são a base do corpo físico que porto continuem me dando sustentação para que eu seja nestes olhos, boca, ouvidos e mãos .

Da condição irrevelada que a Fonte Suprema estabeleceu para contactar comigo, não abrirei mão de assim permanecer, até que tudo se realize nela.

Sinto-me, às vezes, como carroça carregando carga de Scania, quando o assunto é o sentir o calor amoroso Divino.

A Âncora que tem me aterrado neste mundo, continua todas as manhãs com seus olhos fixos da eternidade me dando bom dia, me chamando de mãe.

É para isto, é para ela que dedicarei toda a eternidade que porto para viver esta existência.

Meu a que veio está justificado, da estrada não quero conhecer a lonjura nem a pequenez do caminho. Tão somente não desistirei da vontade de ser aceita quando tudo acabar.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 15/03/2019
Código do texto: T6598779
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