Escrevo
Eu não escrevo aos velhos amores, não escrevo ao passado, nem ao que eu disse não.
Não escrevo ao tempo de agora, nem mesmo a esse instante, nem ao que tive nas mãos.
Escrevo ao que não permiti, ao que não me foi dito, ao que não viveu.
Escrevo ao futuro presente, a semente inglória que já feneceu.
Escrevo a tudo que eu queria, ao que desejava e nem mesmo explorei.
Escrevo ao que iria sentir, se o mundo fosse o ontem, que já se perdeu.
Escrevo o dizer do meu peito que solfeja ofegante qualquer distração.
Escrevo o que nunca foi tempo, o que invade os mundos, o que ecoa a emoção.
Escrevo o limite incrustado, a barreira imposta, o que não superei.
Escrevo o sentir cativado, a ferida mexida, o que agora eu já sei...