Escrevo

Eu não escrevo aos velhos amores, não escrevo ao passado, nem ao que eu disse não.

Não escrevo ao tempo de agora, nem mesmo a esse instante, nem ao que tive nas mãos.

Escrevo ao que não permiti, ao que não me foi dito, ao que não viveu.

Escrevo ao futuro presente, a semente inglória que já feneceu.

Escrevo a tudo que eu queria, ao que desejava e nem mesmo explorei.

Escrevo ao que iria sentir, se o mundo fosse o ontem, que já se perdeu.

Escrevo o dizer do meu peito que solfeja ofegante qualquer distração.

Escrevo o que nunca foi tempo, o que invade os mundos, o que ecoa a emoção.

Escrevo o limite incrustado, a barreira imposta, o que não superei.

Escrevo o sentir cativado, a ferida mexida, o que agora eu já sei...

Marii Andrade
Enviado por Marii Andrade em 17/03/2019
Código do texto: T6600601
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