Ela era um anjo

De tanto ver a insensibilidade passear de salto alto sobre as feridas que as escolhas desenharam, apressou os passos da razão (que se tornou uma visita indesejada, quando aparecia sozinha, na tentativa de vencer a maratona, sem antes, perder os sentidos).
Já que o coração se encontrava em pedaços, dilacerado. Não demorou muito e já estava petrificada.
De onde partiam apenas gestos nobres e de coração, agora eram fios e mais fios de desesperança que se entrelaçavam formando um emaranhado.
Era preciso recomeçar.
Não mais encontrava sentido para viver ali naquela esfera de desilusões.
Vestiu-se com a armadura de São Jorge e partiu.
Não mais seria atingida pelos amores ingratos, pelos falsos saberes, pela política de vida fácil, pela ingratidão.
Desistiu de viver à deriva e foi reencontrar o seu caminho.
Jamais permitiria que sapato algum a sangrasse no peito.
Partia em direção à vida que lhe era própria (já que a sua curta passagem não contribuía para que ele fosse melhor).
Era chegada a hora de desatar os nós.
E no gesto mais belo que qualquer um ficaria emotivo ao ver, abanou suas asas e voou.
Ela era um anjo e queria apenas guardar os outros.
Mas como a sua missão não tinha sentido porque haviam seres que ainda não tinham aprendido a amar, recebeu ordens superiores (era racional) para voltar para casa.
Se o sofrimento a perseguirá, é pretensioso afirmar, mas que muitos, daqui pra frente, chorarão a sua ausência, é indiscutível.
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 24/03/2019
Reeditado em 16/05/2019
Código do texto: T6606152
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