Vazios fluentes
Sinto o vazio de uma meta não alcançada.
O cansaço povoa os meus dias e a ausência de tudo não dá mais trégua.
Inúmeros são os desejos que borbulham em toda cicatriz.
Eu já não comporto mais tamanha avidez.
Todos os poros transbordam essa mistura áspera de desejo e insatisfação.
A inquilina do meio bordeja todos os sentidos.
Ela calcula as palavras e sopra suas provocações com a mais disfarçada ternura.
Já conheço suas formas e ainda procuro a conciliação.
Seria hora de abraçar a tormenta?
Talvez o ponto de não mais ouvir...
Não consigo abandonar as velhas ordens.
Ainda não sei se é preciso....
Ainda muito a andar.
Eu cultivo nova inquilina.
As figuras apresentadas não confrontaram qualquer posição.
Alimento a ideia de outra ordem.
Vejo a falência plantada por minhas próprias mãos.
Talvez eu ainda queira tempo.
Talvez o tempo me queira em suas mãos.
Eu não preciso de tempo.
Já não há começo nem fim.
Acabou-se o sim e o não.
O fluir que é preciso escorrer: em meu peito, em meu ventre, em poesia e emoção...