Era de silêncios

Era de silêncios que vivia e sobrevivia.
Diante da dor que o compunha por inteiro, fugia-lhe a coragem de soltar os sapos que engoliu ao longo da vida.
Era por medo da avalição social, já que tinha uma reputação por zelar, na calmaria.
E como não suportasse o refluxo que pairava em sua garganta por tantas vezes engolir seco tudo que lhe vinha, simplesmente, numa rasteira da razão, cuspiu tudo em forma de revolta, esbravejou, gritou e foi sincero, pela primeira vez.
Atônitos, aqueles que o observavam, olhavam com desdém e entre olhares distantes que se encontravam para o julgamento, a sentença: ficou louco!
E todos se uniram na intercessão dele, por férias, por tratamento psiquiátrico e por um pouco de paz, afinal, era do silêncio que se alimentavam.
E era isso que queriam...
Nem se preocupavam com ele...
E isso era tudo!
Mônica Cordeiro
Enviado por Mônica Cordeiro em 28/03/2019
Reeditado em 28/03/2019
Código do texto: T6609515
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