Casinha Coração

Algumas pessoas chegam em nosso coração e ali se aconchegam, uns vêm como amigos e ficam por toda a vida, outros chegam apenas de passagem para nos ensinar algo valioso e saem, deixando ali apenas a sua bagagem, e têm aqueles que chegam e chamamos de amor, resolvendo ficar para definitivamente morar em nossa casinha que chamamos de coração. Bom, deve-se considerar que alguns amores não ficam a vida toda, por isso, quando ele se for, não guarde as mágoas, guarde as boas lembranças afinal, admitindo ou não você foi feliz com este amor um dia, não é?

Com você, a história é complexa, intensa, mas com sutileza. E quando eu fui perceber tinha rastros de você por todo lado da minha casinha.

Eu podia jurar que havia deixado a porta trancada, mas quando me dei conta, tu estavas lá sentadinha no sofá da sala, tímida e não falava muito. Mas se ali você estava, então havia sim um motivo para tudo aquilo. Quando te olhava, sentia algo bem peculiar, e familiar também (tu passaste pela janela algumas vezes antes entrar).

Tratei de fazer um café, um bolo, um brigadeiro, peguei umas bolachinhas e te ofereci tudo isso na expectativa de que você comeria tudo no maior entusiasmo. Não foi bem assim, tu sentou, tomou um pouquinho do café e agradeceu. Não entendi muito bem no começo, mas consenti.

O tempo passou, a gente foi se ajeitando e por incrível que pareça nos damos muito bem, mais do que imaginei na verdade. Passávamos horas conversando no sofá sobre nosso filme favorito, tomando um café, compartilhando as mais loucas histórias e, bom, o que me deixava mais feliz é que naquele momento já chamávamos algumas coisas de nossa, como o Harry Potter, que nos uniu de uma forma indescritível, apesar de eu acreditar que já era pra acontecer independente da existência do bruxo com uma marca na testa.

Aos poucos você foi trazendo as suas malas, tu agora moravas lá, a decoração tinha sua cara, ou melhor, a nossa, os nossos assuntos mudaram um pouco, mas não deixávamos de conversar tomando aquele café, que agora era acompanhado de um bolo (olha aí o progresso). E quando não estávamos conversando, estávamos trocando um carinho, sexo não, carinho, puro amor. O sofá era confortável, mas no teu abraço eu achei o aconchego que quando se juntava com o teu cafuné fazia a minha casinha coração transbordar de amor.

Hoje já se fazem alguns anos desde a vez que te encontrei de toda tímida dentro da minha casinha que hoje, tu fazes morada. Eu finalmente entendi o motivo de tu ter chego. Tu aprendeste a lidar com as minhas crises e ataques de pânico, e reciprocamente eu pude lidar com as tuas também, os problemas parecem mais simples de serem resolvidos, e hoje posso perceber o quanto de maturidade tu trouxeste, no simples ato de não sair comendo tudo que lhe oferecem e não entregar tudo o que há na despensa. Você me ensinou que, se não fosse aos poucos, a casinha talvez não tivesse tanto de ti.

Luana Alencar - 2ª série D

Escritores Escola Suely (Colonial)
Enviado por Escritores Escola Suely (Colonial) em 29/03/2019
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