ALMA ARREMESSADA AO CAIS

Quem de vós nunca sentiu seu coração como um velho barco a vela, que após tanto tempo de mar, fora arremessado ao cais das areias tórridas de qualquer lugar? Fostes esquecido, assim como eu junto a ventania. Meu amado também me abandonou... Meu coração era como tu, lindo, no peito meu, a navegar. Sei bem, barco esquecido, como era velejar. É impossível evitarmos a corrosão, resultado do abandono e solidão. As minhas veias e artérias estão impregnadas de ferrugem e, sem emoção, mas, mesmo assim segue batendo esse infeliz coração. Já por mil vezes me desintegrei como se, só o meu corpo estivesse aqui. Minha alma fora roubada, arremessada em algum pântano lamacento do cruel e solitário lamento. Ah! Quantas vezes declamavas minhas profundas e eruditas poesias? Fostes meu Adônis que, sobre mim navegavas e hoje em outras águas flutuas, mas levarás para sempre o cheiro da maresia de Minha praia e do meu encantador mar. Um dia, meu espírito irá se reencontrar, seja no leito de um rio chamado saudade, ou em um oceano, onde possa conhecer um verdadeiro amor.

TEREZA GUEDES
Enviado por TEREZA GUEDES em 29/03/2019
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