e eu sinto muito.

senti a chuva molhar os sapatos, as meias, a calça por completo. e a visão embaçada pela água que escorria nos óculos. contei até 10 enquanto esperava o ônibus sair do terminal. contei até 10 enquanto sentia o bolo na garganta. esqueci de contar até 10 enquanto sentia as lágrimas descendo o rosto. era como a chuva escorrendo pela janela solitária. lembrei de um livro que li a muito tempo atrás. falava sobre a solidão das coisas. e acho que sou um tanto solitária. ele me disse que posso estar completa e achar que não estou. me questiono como saber. “sei que tu não gostas de grandes grupos” meu corpo estava ali, mas a mente corria pelas esquinas molhadas e sujas, buscando sabe-se lá o que. talvez buscando por ela. mas me falaram que não se deve criar expectativas. e coloquei travas. no fim estava de novo naquele terminal molhado. esperando o ônibus sair. com as mãos coladas no rosto tentando retardar o choro. e a garganta ardendo com o esforço de conter. é como uma leve madeira tentando parar uma represa gigante.

agora meus ombros ardem. parece que meu corpo cansou de ser pisoteado.

e eu sinto muito.

caroltell
Enviado por caroltell em 08/04/2019
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