Dindinha faz poema. Eu já quis fazer fresta pra escapulir do castigo soprando de vão em não. Mas destino de vento não tem direção, sopra a vela, apaga o bolo e a partir dai,
                                             não tem como.
                                             A vida começa a virar um rolo.
 
     Dindinha também faz tricô. Acha que de nó em nós a gente vira um planeta, um dilúvio ou um cachecol. Confunde sempre presente com utilidade e partir dai,
               não tem brinquedo.     
               A vida começa a ter medo.     
 
     Dindinha já quis ser atriz. Disse que um dia, na farta luz da ribalta, escutou os seus olhos chorarem de tédio. Disse sobre o pé no chão, a esperança e o cadafalso. Disse também que o abraço de vez em quando sente tosse, e se recosta sempre no mesmo banco da mesma graça. E que no que quando a vida passa, o sentido das coisas muda, se cataclisma e vira uma espécie de em pressa a espernear o crescimento das proles.
 
     Eu, como nunca entendi como as coisas são feitas, me contento em escutar a Dindinha contar suas memórias de invenção. O máximo que eu conto são os meus rasos metros lúdicos de vida. E mesmo assim já sei de tudo um farto:
                    a vida não estrangula
                    a gente que as vezes se esgana
MCestari
Enviado por MCestari em 25/04/2019
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