Dindinha faz poema. Eu já quis fazer fresta pra escapulir do castigo soprando de vão em não. Mas destino de vento não tem direção, sopra a vela, apaga o bolo e a partir dai,
não tem como.
A vida começa a virar um rolo.
a gente que as vezes se esgana
não tem como.
A vida começa a virar um rolo.
Dindinha também faz tricô. Acha que de nó em nós a gente vira um planeta, um dilúvio ou um cachecol. Confunde sempre presente com utilidade e partir dai,
não tem brinquedo.
A vida começa a ter medo.
A vida começa a ter medo.
Dindinha já quis ser atriz. Disse que um dia, na farta luz da ribalta, escutou os seus olhos chorarem de tédio. Disse sobre o pé no chão, a esperança e o cadafalso. Disse também que o abraço de vez em quando sente tosse, e se recosta sempre no mesmo banco da mesma graça. E que no que quando a vida passa, o sentido das coisas muda, se cataclisma e vira uma espécie de em pressa a espernear o crescimento das proles.
Eu, como nunca entendi como as coisas são feitas, me contento em escutar a Dindinha contar suas memórias de invenção. O máximo que eu conto são os meus rasos metros lúdicos de vida. E mesmo assim já sei de tudo um farto:
a vida não estrangulaa gente que as vezes se esgana