O Próximo Homem a Cair
Da janela do quarto eu via dois pássaros
Um voava alto demais
E suas penas queimaram com as ondas de calor
Porém, ele não parava
Seguia reto sua estrada de ferro e suor
Certo de um destino impossível e previsível visto de um quadro maior
Depois de um tempo faltou asas, e fazia pena
Em queda livre
Uma porrada firme no tronco de uma árvore
A mesma na qual durante à tarde ele costumava cantar
E reconhecendo seu peso, ela fez sombra sobre ele
O outro não, voava mais baixo, calmo e sereno
Seguro de si e longe do sol
Rodopiava e voltava ao seu lugar
Pairava, esperava, mas não deixava de voar
Mostrando-me de uma maneira estranha o movimento das coisas que não passavam por aqui
Mas, de certo, assim como o intrépido na árvore
As minhas asas estavam queimadas
E já não havia mais o que queimar.