O homem do meio

Um socorro gritado,

lançado a impermeáveis sentidos.

Um grito, um aceno tremular,

pedras na janela, no vidro

que promete não quebrar.

Ouvidos moucos, olhos vítreos,

corpos protegidos.

Tudo tão perto de um dia

e apenas isso, nada mais.

Talvez menos que um segundo.

O tempo para o último

que seja ato falho;

que seja fato,

o corpo no asfalto.

Milhões de telas a atirar.

Flashes a iluminar.

Atenção a reverberar.

Polegadas sensíveis,

elos invisíveis;

redes invencíveis.

O homem no meio, abatido.