Bohemian Coffee, 3 AM
Violenta e precisa, Paris nos anos 30
A noite vem como uma dama sem destino
Ultrapassando os limites do meu quarto
Vendo o mundo assim tão de longe
Esperando que algo de bom me aconteça
Mas nunca vem
Muitas coisas deixam de vir
Outras sequer saem do pensamento
E mesmo assim você espera...
Às três da manhã, o café está na mesa
O café está na mesa porque não há ninguém para tomá-lo
E sendo assim, ele também espera
A próxima boca que irá beijá-lo
Ou a mão dormente que irá jogá-lo fora, frio, sem saber
Nem forte, nem amargo
Quase sem açúcar, quase sem leite
Às vezes fumaçando como uma caldeira
Mas suas águas são paradas, sem correnteza
De volta pro meu quarto
O tempo se desenvolvendo lento
E não há nada que eu queira fazer a não ser sentir os dedos gelados da mão dormente que me leva pela asa.