"Severinamente"

Severamente, “severinamente”, a gente vive.

Os dias passando devagar, o tempo rindo de nossa desgraça.

Cada hora ou minuto resistido é uma batalha que vencemos.

O mormaço chicoteando nossas feridas.

O azedume na língua, a sede cortante vem lembrar que a morte ronda, passeia no meio dos galhos secos, pastora e espera a hora de chegar.

O vento passou por aqui fazendo redemoinhos com a poeira seca das estradas de barro.

O sol, se em algum canto é desejado, neste lugar ele maltrata sem piedade, mostra todo seu poder no lombo das criaturas.

Nos olhos dos viventes, a água que falta enche os olhos, clama por vida.

Os corpos ossudos se arrastam, brigam para continuar em pé, valentes até quando já não há mais esperança.

O que resta é aceitar a vontade daquele que criou tudo.

Quem sabe rezar por um milagre.

E pelejar por essa existência.

De lutas diárias

Escassas vitórias.

Rafaela Alonso
Enviado por Rafaela Alonso em 14/05/2019
Código do texto: T6647083
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