Conclusões às 5h
O Tempo, grave e solene, pinta o céu de um azul tenro, sóbrio, convidativo, e permite o compreender da constante transformação.
Mesmo após o amargar de uma noite de sonho real, em que o labirinto de um aquário imagético parece não findar - quanto mais se dorme mais se propõe a sonhar -, o céu da tenra alvorada irrompe tão real quanto tudo possa ser.
Virgem da dor dos que ficaram, da pressa dos que sempre vão e do ódio dos que não conseguem, ainda assim o céu é maduro e implacável.
Seu tom airoso e brando denuncia que ainda não fora tocado por outras mãos que não as da ordem divina.
Sua vivacidade é contida, sua luz é senhoril.
Não há excessos, não há demasiado pranto ou riso abusivo.
Não há o anúncio de um dia de gozo ou de profunda amargura.
Há, no entanto, a aclamação da esperança irrefreada, da vida pulsante que mora no toque da brisa, no cheiro virginal da aurora constante;
na breve vontade de amar tudo aquilo que nunca alcançaremos.