Conclusões às 5h

O Tempo, grave e solene, pinta o céu de um azul tenro, sóbrio, convidativo, e permite o compreender da constante transformação.

Mesmo após o amargar de uma noite de sonho real, em que o labirinto de um aquário imagético parece não findar - quanto mais se dorme mais se propõe a sonhar -, o céu da tenra alvorada irrompe tão real quanto tudo possa ser.

Virgem da dor dos que ficaram, da pressa dos que sempre vão e do ódio dos que não conseguem, ainda assim o céu é maduro e implacável.

Seu tom airoso e brando denuncia que ainda não fora tocado por outras mãos que não as da ordem divina.

Sua vivacidade é contida, sua luz é senhoril.

Não há excessos, não há demasiado pranto ou riso abusivo.

Não há o anúncio de um dia de gozo ou de profunda amargura.

Há, no entanto, a aclamação da esperança irrefreada, da vida pulsante que mora no toque da brisa, no cheiro virginal da aurora constante;

na breve vontade de amar tudo aquilo que nunca alcançaremos.

Eduardo G Silva
Enviado por Eduardo G Silva em 16/05/2019
Reeditado em 17/05/2019
Código do texto: T6648320
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