FATO CONSUMADO

FATO CONSUMADO

Fato consumado,

nada de mão acenando na estação

ou um assovio no final do túnel.

tampouco Horizonte na próxima parada.

Acaso quiserem tentar me reanimar,

enviem o socorro bem rápido,

pois estou feito Ana Karenina,

almejando com Tolstoy me encontrar.

Mas se porventura, eu já estiver

em sono eterno na ferrovia

e queiram reconhecer os traços,

daquele que me roubou o júbilo,

busquem-no naquele poema,

que deixei no bolso amarrotado.

Porém sejam meus cúmplices!

Não façam alarde de seu nome,

acaso o encontrem nas entrelinhas.

Afinal, ele não tem culpa alguma,

por ter dado a outra seu sobrenome.

Aceitem o fato consumado:

Ele nunca amou aprendiz de poetinha,

só brincou com suas palavras.

Por outro lado,

eles viverão à margem do anonimato,

e eu, reles mortal pelas letras vingada!

Livro: FLOR BELA, NÃO EU

Railda
Enviado por Railda em 16/05/2019
Código do texto: T6648523
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