Para consertar o mundo

No dia em que eu puder consertar o mundo inteiro, eu farei um livro de recortes e desenhos e darei àqueles que não podem ler. No dia em que eu puder consertar o mundo inteiro, cantarei uma canção para aqueles que não conseguem me ouvir. No dia em que eu puder consertar o mundo inteiro, distribuirei comida a todos que não tiveram a oportunidade de comer com dignidade. No dia em que eu puder consertar o mundo inteiro, quero tocar o coração de uma criança.

Não vou propor soluções para a corrupção ou reinventar a medicina. Não vou tomar como verdade absoluta as ciências e as linguagens. Não vou me preocupar com as infinitas barreiras que separam o pobre do rico e o dinheiro da verdade.

No dia em que eu puder consertar o mundo inteiro, eu vou dançar uma tarde inteira pelas avenidas da minha cidade pra trazer um pouco de alegria a todos que não sorriem mais. Eu vou amar com mais intensidade e respeitar todas as inconstâncias das pessoas.

No dia em que eu puder consertar o mundo inteiro, farei tudo aquilo que as pessoas têm medo de fazer por considerarem irrelevante. Às vezes, o relevante não basta. Na maior parte do tempo, as irrelevâncias cotidianas são aquilo que consertam o mundo.