Carniçaria Frigente
O que é ser gente?
O que é ser gente no meio de canibais?
O que é ser canibal?
O que é ser canibal no meio de gente?
Como gente vira canibal?
Canibal também é gente!
Mas será que a gente
Reconhece gente
Até no canibal?
Será que o canibal se lembra que também é gente?
Canibal é quem come gente
Ou quem manda gente pro abate
Ou quem é abatido
Ou quem é mandado comer gente?
Quem é gente e quem é canibal
Em cada momento
Na fúria e na glória?
Qual o limite de ser gente
Quando tem carniceiro disfarçado
Querendo, secando por sangue
Apertando a sua mão
Ostentando um largo sorriso no rosto
E sua glória nas costas da gente
Quem é quem, torno a perguntar?
Essa carne é "frigente"?
Querem comer teu cérebro e engolir tuas ideias
Mas, desconhecem seu preparo
E terminam por vomitar palavras
Ah, se olhassem teu aspecto medonho
Sentiriam pena de si mesmos
E mudariam tudo
Destroços alheios é troféu na mão de detonador
Bom livro na mão do oprimido
É chave de cadeia na mão do opressor
É que sanguinário não pode sentir cheiro de sangue quente
Que já quer atacar
Sangue frio se congela e logo seca
Sangue quente se toma misturado com martíni ao som de orquestra
Se oportunizassem experimentar o novo
O velho seria também novo
Se faria novo
Por querer estar sempre em experimento
Tua vaga depende do meu fracasso ou descaso
Meus pensamentos se corrompem
Porque são corrompidos sistematicamente
Por um sistema corrupto e medíocre
Baseado em "no do outro é refresco"
Teus esforços são insignificantes
O cheiro de tuas cédulas me sobem às narinas
E me seduzem...
O som de tuas moedinhas me desconcentram
De que importa que eu te sugue?
Que seja eu, e não outro!
Talvez eu arrume um jeitinho de te encaixar
Só entre nós, morre aqui
Vote nele
Churrasquinho no domingo
Regado a muita cerveja e carne fresca
Deixa de ser bobo, passa aqui na frente
Se sustente às custas daquele
Que se sustenta às custas desse
Que vai na aba dele, que muito é querido por cumprir sua função mal e porcamente
Como se tivesse fazendo favor
E que se sustenta às suas custas
Não precisa entender de política
Nem ter phd pra sacar
Vai ali pegar um ônibus
Ou vai no mercado mesmo
Ontem foi o tomate
Hoje, talvez, a sardinha
Amanhã pode ser o açúcar
Daqui a pouco eu posso ser vendida à preço de banana
- se já não fui comprada por ideias, tentando te convencer daquilo que me convenceram ou não...
Humanizemos os humanos
E cuidemos dos animais
Salvemos o planeta
Antes de nos matarmos à nós mesmos
Como um bando de canibais...