Partida

De mãos atadas, ele concordou e então ficou observando-a uma última vez, mesmo na escuridão da rua, como se fosse possível gravar em sua memória cada traço físico dela. Sabendo que não tornaria a vê-la, seus olhos encheram-se de lágrimas quando finalmente ela se afastou, virou e, decididamente, foi embora. Mas ele, ele ficou. Ficou olhando para a mesma direção até que não restasse nem mais a sombra da mulher que amava. Ele sentiu o coração se partindo em pedaços. Cada lembrança que involuntariamente vinha à mente era como se lhe escapasse o ar. Voltou para casa e o perfume dela estava impregnado em cada canto. Se fechasse os olhos, quem diria que ela não estaria ali? Deitou-se na cama e pôde ver sua figura, insinuando-se para ele. Mas como pode?, ele pensou, como pode alguém declarar amor por tanto tempo e de repente ir embora assim? Pensava em tudo que pudesse ter feito de errado e em nada via motivo. Relembrou a vida dos dois desde que seus caminhos se cruzaram: o primeiro encontro, o riso tão feliz, o primeiro beijo, a primeira noite de amor, o sim, as conquistas e dificuldades enfrentadas, a primeira briga à toa, a segunda e a terceira, mas não soube o momento em que o rumo havia mudado, e tudo só o machucava mais. Ora, se a gente pudesse prever o futuro. Mas o quê? Não teria arriscado se soubesse que este seria o final? Será que conseguiria agir diferente e mudar o rumo da história? Não sabia, não haveria como saber. E faria tudo igual. Tudo por um amor que transbordava a alma e queria apenas vê-la feliz novamente. Mesmo que em outros braços.

Thayane Sant Anna
Enviado por Thayane Sant Anna em 30/05/2019
Reeditado em 30/05/2019
Código do texto: T6660933
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