inverno chuvoso
coloquei-me num canto por um tanto de gente. coloquei-me nos punhos de gente que hoje já nem existe mais no meu cotidiano. de gente que durou 3 ou 4 meses. coloquei-me no teu canto, e devorei a tua tristeza, sabendo que isso me faz vomitar todos os órgãos, e faz minha alérgica descamar em lágrimas. deixei de existir para o teu bem-estar. e agora penso se meu nome sai da tua boca com desdém, se é que sai. tua voz vai sumindo nos cantos das paredes pálidas e minha pele agora é áspera. e o inverno chega com a mera lembrança daquele café o do teu cheiro de bolinhas. teu cheiro de morango. aquele doce-ácido que tu és. deixei de existir pra que tu coubesse em mim. e agora a busca por quem sou é árdua e gélida.
agradeço este inverno chuvoso que te levou de mim. que te levou pra longe arrancando as tuas palavras cortantes da minha epiderme.