Lapidando minhas emoções

Chegavas, silencioso como sempre.

Em teus grandes olhos, tua peculiar forma de amar.

Marejavam-se, quando tocávamos o teu coração.

A arte da lapidação, que dominavas tão bem,

não se estendia às formas de convívio.

Solitárias, as pedras dormiam sobre uma cama de algodão.

Solitário, teu agir de pai que, em silêncio, tentava dizer de si, desajeitadamente.

A magia se fazia quando tu abrias aqueles envelopes branquinhos

e as pedras se mostravam em seu esplendor,

quase me cegando o olhar.

Carrego esse encanto em minha alma.

Quando vejo as pedras, lembro-me de ti,

meu artista solitário, silencioso e incompreendido.

Na singeleza do teu gesto, nossos laços.

Ao compartilhar comigo teu ofício,

lapidaste em mim os conceitos de arte, de beleza, de delicadeza e de efemeridade.

Assim, burilaste meu amor e minhas emoções, pai.

Em diálogo com um belo soneto que li hoje cedo.

Lyzzi
Enviado por Lyzzi em 27/06/2019
Reeditado em 27/06/2019
Código do texto: T6682773
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