Poltrona de retalhos na casa de porta azul
A ti não destroem as estampas de móveis de jacarandá;Madeira de lei!
A ti,talvez canto beliscado de beija-flor,não esconde nenhuma dor;
Coloquei colcha de retalhos pra cobrir assoalho e poltrona de couro marrom!
Mas se chegas à casa onde moro,essa porta azul,aberta sem claustro,
Vens direto ver as flores que cobriram entrada da porta azul,e sangrava,
As pedras pisadas da entrada;Morro deglutindo vidraça quebrada que não vistes
E que não notavas quando vinhas ver-me com papéis de inventário!
E outras pelejas de ter ausentado de ti,monjolo lá atraz da porta outra Também de azul,moendo sementes secas,grãos de café e pouco de Trigo,tudo,e se juntando as vinhas e o lagar,ajuntei mais botijas de azeite;
Fiz troca de um tinto e meio Porto com moço da venda da esquina!!
E se vieres pedir que deixe casa de porta azul,com poltrona coberta
De colcha de retalhos e o assoalho,te digo;Tudo que prestava joguei fora;
E tudo que sei ter andado,o minuto da espera,ou gana de esperar vento fluir,
A mim não destroei,mas gastam as coisas todas de amar,sorver,voar!!
Sendo assim peço-te que nem venhas,soneto em papel de pão e prosa,
Bem sei regar,deixar semente crescer,dar sementeira e plantio e pleito;
Mas meu bem,tão tarde;Guizado no fogo,deixa na escrivaninha chave,
Minhas correspondências de correio ,estamos todos aflitos,imóveis,táteis;
Se não precisava mais noite em nós,os nós,descampeou o rumo das vinhas;
De tantos amores que abrigaste em ti,morro abaixo sei do cio que me tinhas,
Sei dos sussurros loucos e corpos dentro,talhados,só carpidos de tempo;
E sei das unhas cravadas em mim,e me sugavas e que éra-mos caminhos,
Compartimentos de um só,e que achavas descer rio na canoa de jacarandá;
Mas,meu bem,não venha mais povoadas de partidas tuas,as sei por bem
Dizer que estou amando,com a mesma gravidade que estás me deixando;
Volta aqui não,meu bem,azul de espera,nenhum tempo me lembra,só ela!!
(Dedico ao poeta Takinho)