o relógio e o tempo

O relógio continua o seu trabalho infinito, em suas voltas intermináveis. Tic-tac-tic-tac. Sem nenhum ponto de parada. Estou encarando-o. 127 voltas ao todo. Em meio minhas extensas e longas piscadas, o ponteiro do relógio percorreu 127 voltas. 127 minutos e nada mudou. E talvez nem mude mesmo. O tempo passou, mas eu ainda me pego presa ao passado, às lembranças. Enquanto a chuva cai do lado de fora, observo as gotas d’água percorrendo um caminho indeterminável pelo vidro de minha janela, então vagamente passa por minha mente a conhecida frase: “O tempo não para”. E, mesmo sabendo desse fato, eu ainda não consigo me adaptar as mudanças que nossas vidas têm de tomar tão repentinamente. O tempo não para, o tempo atropela. Agora é como se o meu relógio tivesse acabado a pilha, a bateria, e não tivesse como continuar funcionando. Parou. Ali. Naquele momento. Mas o tempo continua, e, sendo assim, as pilhas tem que ser repostas ou o relógio substituído para que o volte ao seu ciclo normal. Mas, meu amor, mesmo que outro venha a substituir, o tic-tac do nosso tempo terá sempre o som mais audível, agradável. E as memórias, infindáveis, de nossa história, nenhum outro tempo, em momento algum, conseguirá apagar.

Marianna Correa
Enviado por Marianna Correa em 02/07/2019
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