Dê um Jeito de Ser Feliz!

Vai e dê um jeito de ser feliz antes que seja tarde.

Antes que se afunde num leito de morte e se arrependa de tudo o que não fez.

Não se arrependa do que fez! Isso é feio e faz sofrer mais ainda.

Dê um jeito de ser feliz nem que seja na marra!

Mesmo que o papel de parede do seu quarto tenha se soltado com o frio.

Mesmo que você tenha ido ao banco e não te restaram nem sequer um níquel.

Mesmo que seu grande amor tenha te traído.

Mesmo que a gripe espanhola venha tentando há anos te arrastar para a cova rasa.

Mesmo que tenha pagado o tratamento dentário e não completado por horror a dentistas e ao barulho da broca perfurando suas entranhas.

Mesmo que a maioria (principalmente os que não te conhecem) te achem um cara louco.

Mesmo que seus poemas não vendam, que seus livros apodreçam na estante.

Mesmo que a senhora morte arraste a todo instante parentes, amigos e conhecidos.

Mesmo que a esperança seja uma besteira romantizada.

Mesmo que babem em sua mesa de trabalho.

Ou que tentem de todo modo estraçalhar seus nervos e pendurá-los num fio de alta tensão.

Não se deixe abater pela maldosa opinião dos néscios.

Vai lá e dê um jeito de ser feliz!

Se fez algo errado e aprendeu, isso é o que valeu!

Se o papel de parede caiu com o frio, cola de novo. Aliás, o frio não é eterno, assim como o calor e nada que habita este solo terreno o é.

Se o dinheiro acabou, continue trabalhando. Ele aparecerá novamente. Você sabe!

Se seu grande amor te traiu, veja bem, não era "o seu grande amor", uma vez que grandes amores não traem! Então não sofra por isso e continue procurando não um grande amor, mas alguém que te compreenda e que esteja disposta a caminhar ao seu lado.

Toda vez que a gripe espanhola aparecer e bater à sua porta, atenda e a convide para um café com baygon.

Sobre o tratamento dentário, é só ir lá, abrir a boca, desligar o corpo e pensar em Alice no País das Maravilhas.

E se te acham um cara louco, certamente sempre te acharam assim, mas estás aí, mais vivo e lúcido do que os moribundos que se intitulam normais. Vão caindo um a um.

Se seus poemas não venderem nada e seus livros apodrecerem na estante, não se importe, estão já na era do universo virtual. O importante é que você escreveu alguma coisa para o mundo.

Sobre a senhora Morte, ela está aí desde que o mundo é mundo, e ninguém lhe escapa. Conforte-se com isso e não se esqueça que uma hora ela virá te buscar. Portanto, não perca tempo!

Sobre a esperança, não custa acreditar nela. É melhor do que não acreditar em nada.

Se babarem em sua mesa de trabalho, espere quem fez isso sair e depois limpe com água sanitária ou álcool. Nada de mais!

Por fim, sobre os nervos nervosos que tentam a todo custo te arrebentar e pendurar num fio de alta tensão, é só não lhes dar atenção.

Faça da vida o mais simples possível. Não deseje muito! Schopenhauer já dizia que o desejo é a fonte da maioria das dores humanas. Deseje menos, viva bastante, sorria para o céu azul enquanto ninguém está vendo, aproveite o sol da manhã, o abraço de um amigo, e seja bom, seja bom para você e para quem está ao seu redor.

Isso já é o suficiente!

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 08/07/2019
Reeditado em 08/07/2019
Código do texto: T6691111
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