Falta

plena é a luz do sol
que se espraia e é ubíqua
chega de mansinho a todos os seres sublunares;
a revelar sob o signo do azul o que se ocultou sob a penumbra da noite anterior
lá na frente as montanhas verdes serpenteiam a cidade imersa na imensidão do sertão
escuridão - luz - contraste - lembro-me de Rembrandt
onde estou aonde vai dar a minha estrada tão cheia de obstáculos
tão carente do verde da esperança em contraste com o cinza da paisagem que me sufoca
nada vale tanto
nada vale pouco
tento viver com o coração
tento sentir com os olhos
tento ver com o estômago
sou apenas um sangue frio...em meio ao calor abrasador
sou um aglomerado de sangue, ossos, músculos, cartilagens e juntas ...cérebro...memória, consciência, tudo reunido numa singularidade.
sou um ser complexo, contraditório....ora desejo a morte, ora desejo a vida ...ora me aniquilo,
uma metáfora vale mas do que qualquer explicação.
qual metáfora usarei para descrever-me neste instante?
não sou pleno como a luz ...não sou pleno como a escuridão
sou um ser entre a claridade e a escuridão
É certo que me resta uma centelha de esperança
é talvez uma maneira de manter-me em pé de acreditar e dar sentido as coisas,
queria retornar ao útero de minha mãe
o que me resta é a quietude
deito na rede esse divã ancestral
a contemplar da janela do meu quarto como faziam os primeiros homens aquilo que é pleno em meio ao que me falta
e falta-me muita coisa
até o que essencial a que um homem seja feliz
Labareda
Enviado por Labareda em 13/07/2019
Reeditado em 13/10/2019
Código do texto: T6695111
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