O GRITO

Pai. Mãe. Essa ferida aberta por onde cheguei ao mundo. Esse golpe profundo no dedo que aponta o alvo. Eu e meu corpo imaturo, ambos nus a salvo dentro do ventre navio. A mão forte que me pôs ao colo e me embalou no vazio. A voz que me deu um nome para trilhar meu caminho. Mãe, Pai, já não estou sozinho. Tenho coragem. Minha viagem me deu patentes. Engrossei as pernas. Afiei os dentes. Devoro com gosto a Vida. Quando da despedida saberei dizer agradecida o que até hoje não pude dizer: eu só precisava nascer!

ROSE VIEIRA
Enviado por ROSE VIEIRA em 17/07/2019
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