Um lírio à Senhora Vida

Bom dia, Vida. No relógio descompassado do tempo, tu, que ora corres lenta, feito um rio sinuoso à busca de teu destino, ora corre às pressas, como uma efêmera faísca que resplandece por segundos apenas, baila semovente, indiferente ao destino e ao tempo. Nesse grandioso espetáculo que é a Vida somos apenas coadjuvantes de uma existência que pulula a todo o instante, em todo lugar. Na suave brisa que agracia o existir, como também nas terríveis tempestades, ela se faz presente, incontinenti sempre, como o soldado em vigília noturna à espreita do inimigo. No silêncio contemplativo das horas turvas, como também no sussurar suave da aurora matinal, encontra-se ela, mãe de todas as coisas, a Senhora Vida. E neste constante "estar presente", neste constante vai e vem, Ela se recicla, transformando a Vida em morte e a morte em Vida.