As almas estão cegas

Sou um sonhador qualquer

Que deseja apenas uma vida digna

Sem os espinhos que a vida traz

Nem o amargor da saliva que a língua sente

Das maçãs podres sendo ingerida

Ao estômago de fome

O frio e as sombras tomando meu corpo

O sol e a chuva temperando o âmago

Mas com a dor do querer e não poder

Suprindo minha carente alma

Desertada de desejos brandos

Meus olhos não viam muito bem

No meio daquela imensa neblina

Paredes com quais eu me chocava

E dali não passava por sua altura

Pelas mãos já danificadas

Mas eu ando com os pés

Correndo com eles enquanto sangram

E logo vejo-os sem ter remédios

Para sará-los da ferida que tanto pulsava

Com minha cabeça preenchida de anseios

Palmilhei com meus pés calejados

Ao mesmo tempo em que meus olhos choravam

Meus pensamentos só mudavam

Guerras e mais guerras

Lutas e mais lutas

Mas parece que não venci nenhuma

Estou sem time no meu esquadrão

É cada um por si

Se eu for baleado, não haverá médicos ou amigos

Quando eu estiver jogado, passarão sem olhar ao lado

Minhas vestes estão sujas

Porém minha alma é limpa

Mas vejo espíritos emporcalhados

Que não têm olhos para o próximo

E vivem ao peito de egos inflados

Samuel Oliveira da Costa
Enviado por Samuel Oliveira da Costa em 24/07/2019
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