Estafa.
E tenho papel, a verde caneta e arestas a aparar. Venho da insônia:
momentânea, amarga, errante.
Sou tenso instante, queria não pensar em ti. Dormir, acalmar o peito, meu pulsar.
Queria cessar
mas tenho dados arremessados, meu amor sufocado faz meu sonho acabar.
Meu bisonho castelo de areia.
Queria o fundo do mar: submergir, afundar, descansar...
Afogar.
Queria sublimar, mas tenho a pele fria, ressecada e, quando o imponente sol queima os miolos, ferve a mente, superaquece o corpo, o tempo abafa, sou o vento quente,
mas queria ser estafa.
E sou poema adolescente, prosa banal,
esmero sincero,
erecto, ser correto, frontal.
Sou o inferno, o martírio, o flagelo
e
queria ser o abismo, a decadência,
mas estou atado.
Sou nó-de-porco, um fracasso premeditado.
Enfim, sou prudência mas estou cansado.