Estafa.

E tenho papel, a verde caneta e arestas a aparar. Venho da insônia:

momentânea, amarga, errante.

Sou tenso instante, queria não pensar em ti. Dormir, acalmar o peito, meu pulsar.

Queria cessar

mas tenho dados arremessados, meu amor sufocado faz meu sonho acabar.

Meu bisonho castelo de areia.

Queria o fundo do mar: submergir, afundar, descansar...

Afogar.

Queria sublimar, mas tenho a pele fria, ressecada e, quando o imponente sol queima os miolos, ferve a mente, superaquece o corpo, o tempo abafa, sou o vento quente,

mas queria ser estafa.

E sou poema adolescente, prosa banal,

esmero sincero,

erecto, ser correto, frontal.

Sou o inferno, o martírio, o flagelo

e

queria ser o abismo, a decadência,

mas estou atado.

Sou nó-de-porco, um fracasso premeditado.

Enfim, sou prudência mas estou cansado.

renato barros
Enviado por renato barros em 27/09/2007
Reeditado em 05/12/2008
Código do texto: T670583
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