autodestrutivo
um dia escrevi um poema
talvez
meu primeiro poema
o nome era amor verdadeiro
falava sobre o amor entre dois seres humanos
sobre um amor puro
límpido
livre de preconceitos
e amarras
um amor natural
tempos depois escrevi outro poema
e o intitulei de a falta
falava sobre um padeiro
solitário
que sentia falta do seu grande amor
madalena
era triste
mas ainda cabia um tanto de amor
depois escrevi sobre um palhaço
e o intitulei de triste
falava sobre a falta do sentimento
sobre a falta de sentir falta
sobre o que eu sentia
sobre o que eu não sentia
fiquei anos sem escrever
sem querer viver
então escrevi outro poema
e o intitulei de dor
falava sobre a dor latente
interna e externamente
sobre como a janela me chamava
com um convite sensual
ao suícidio
hoje escrevo esse poema
sem sentido
ou qualquer linha de pensamento com um final
e hoje eu acho que sinto
mas no fundo
a dor latente
ainda grita
queima
arde nas minhas veias de sangue escuro
que é do meu ser
sofrer
talvez pelos que não sofrem
e talvez pelos que sofrem
e talvez isso nem importe
pois no fundo
muito no fundo
eu gosto
da dor
já que meu ego é um puta egoísta triste
e autodestrutivo.