Escolhas


Com a idade vão se acumulando as manias.
Enfileirando-se as cobranças e justificando-se a mera falta de companhia.
Uma desculpa, que se enquadre na lacuna existente.
Um perdão para a carência.
Sem que percebamos, vão se (in)formando os motivos da exigência e da culpa.
Seletistas, vamos correndo o risco de implodirmos solitários e confusos.
Vencidos e cansados da espera, optamos pelo comodismo do conformismo.
E sem escolhas, vamos enraizando uma tendência ao abandono.
Praticantes sigilosos e taciturnos. Comedidos ou extravagantes.
Perguntas vão se perdendo, pelo descaso da memória.
O que foi sonho, por toda uma vida, torna-se pesadelo; constante e incomodo.
A desigualdade do sentimento, vai mexendo com a libido e assim, vamos gradativamente tornando-nos prisioneiros.
E, quando num instante qualquer abrimos os olhos, o amor já deu partida e lacrou o coração.
Fica então, uma pontada, uma saudade frágil, uma insatisfação...
Como se a vida da gente, não tivesse tido nenhuma representação.



( Republicado )