Delírio

Há coisas sombrias,

tempestades implacáveis

sob as insidiosas estruturas da carne!

Quem tenha coragem de galgar o árido deserto dos olhos,

verificará a impiedosa loucura que nos espreita

por detrás dos delírios lancinantes do corpo.

Não nos ensinaram nada;

costuraram-nos carne putrefata, alheia,

fétida e burra!

O que há de ríspido em minhas palavras,

é o que há de escárnio no semblante dos homens.

Não ensinaram-nos nada, a não ser morrer!

Desfalecimento universal do espírito;

antro soturno da humanidade.

Em tudo isso, nunca houve amor

que não fosse um drama eclesiástico.

Mas, agucemos nossos ouvidos... Um vento sopra do norte;

traz-nos sussurros provenientes dos mais altos cumes.

Eles nos dizem que tudo o que nos prende,

é essa cumplicidade insigne de nossos lamentos fúnebres.

Contam-nos,

que no ópio vislumbraram o esfalecimento do humano,

e que aprenderam com os deuses, a fazer de si eternos.

Tom Transeunte
Enviado por Tom Transeunte em 05/08/2019
Código do texto: T6713095
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