Delírio
Há coisas sombrias,
tempestades implacáveis
sob as insidiosas estruturas da carne!
Quem tenha coragem de galgar o árido deserto dos olhos,
verificará a impiedosa loucura que nos espreita
por detrás dos delírios lancinantes do corpo.
Não nos ensinaram nada;
costuraram-nos carne putrefata, alheia,
fétida e burra!
O que há de ríspido em minhas palavras,
é o que há de escárnio no semblante dos homens.
Não ensinaram-nos nada, a não ser morrer!
Desfalecimento universal do espírito;
antro soturno da humanidade.
Em tudo isso, nunca houve amor
que não fosse um drama eclesiástico.
Mas, agucemos nossos ouvidos... Um vento sopra do norte;
traz-nos sussurros provenientes dos mais altos cumes.
Eles nos dizem que tudo o que nos prende,
é essa cumplicidade insigne de nossos lamentos fúnebres.
Contam-nos,
que no ópio vislumbraram o esfalecimento do humano,
e que aprenderam com os deuses, a fazer de si eternos.