Conflitante

Nas nossas vidas os momentos desesperadores são marcados pela dúvida, uma angústia incessante que nos consome e nos faz parar de raciocinar, levando-nos a uma única interrogação, de não saber o que é verdade e o que é idealização.

Porquê é tão fácil errar? Naquela situação, como num alvo de dardos,todas as voltas coloridas, as alternativas, estão erradas, e ali, no centro, um ponto se destaca, correto. Um fio de luz no meio da escuridão. Mas a nossa pontaria é muito falha e sempre acertamos a borda de madeira do alvo, quebrando a ponta da esperança no extremo do dardo.

Falhamos.

Aprendemos com os erros enfim para descobrir que aquilo não valia a pena.

E o que acontece nos casos em que ocorre exatamente o contrário?

Se nos propusermos a não tentar a procura de não cometer mais erros, então nossa vida não será válida. Pra quê estarmos na Terra se não estamos dispostos a correr o risco? A adrenalina da ação quando estamos prestes a apostar nossa confiança, nossa esperança, nosso amor num plano arriscado vale o tempo de planejamento. Vale? Não tive tão boas respostas em pensar demais para fazer qualquer coisa arrolada a relações humanas. O melhor a fazer é sair sem pensar, no clímax da emoção, e tentar, ainda que não dê certo. Bem sei que escrevo isso tentando convencer a mim mesmo, mas a verdade é essa.

Tapa na cara todo mundo leva. Física ou emocionalmente, um ou outro gelo nos faz crescer e talvez até aumente nossa capacidade de suportar os próximos. Isso nos deixa maduros para encarar os fatos numa visão mais ampla, sem tanta fantasia unilateral da nossa parte em relação ao outro. Se pudesse expressar a mente humana nessas linhas, se qualquer um conseguisse, este pobre artífice não precisaria recorrer às letras para depositar suas dúvidas e incertezas.

Não sei como terminar. Talvez porque a resolução da minha vida ainda não esteja concluída, porque talvez a minha resposta esteja justamente na próxima página, talvez porque amanhã eu deva procurar respostas mais concretas, nem ao menos sei se encontrarei a devida solução. A culpa é minha, eu sei, não deveria ser tão transparente, deveria esconder alguns defeitos, erguer mais qualidades, ser normal. Mas só esta palavra já me causa aversão. Não poderei nunca ser normal, comum, simples. Meu íntimo me obriga a ser o que sou, não posso me rebaixar à mediocridade, não de novo.

Não sei o que fazer...

Ao menos posso terminar essas linhas com segurança.

Andarilho