LUA NAMORADEIRA

Nos arredores de escorpião

Das anáguas coloridas de sidra e de mansidão.

Lua cor de sal

Por mais que se faça de rogada

Não figurará em álbum meu

Se não for natural, se não possuir majestade.

Lua de peito estufado

Sobre o céu da reclinada aurora

Donde brotam, fogosas, as estupendas anãs

Num olor de extremos, por quesito breve.

Entre navegações de mares infindos

Lance estolões dourados e se aprochegue

Como em delicado fruto da Fragaria fez o micélio.

Lua plena e serva do Aurélio

Largue as âncoras do teu coração

A uma nova porção rasteira do ‘então’

Uma ode ao impune lenço e o enxaguar de tuas lágrimas.

Meta por baixo do nariz de seu tempo, doses de batom

Do escuro ao amargo breu, ante a exatidão do espaço

[e que não lhe haja sem estilhaço]

Abrir-lhe-ão caminhos de seda, ó relutante obesa.

Saboreados quintais e astros a lhe procurarem nos beijos

Majestosos e céticos desejos lhe sepultarão as madeixas

Brindando ao longe, o infinito duradouro

Como pingo na neve, como dente de leão à brisa.

Ó mais linda e solitária lua!

Seja a namorada dos meus versos por mais apolíticos e impregnados que sejam

Se não os fossem, não seriam versos

Se caminhassem descobertos, não seriam meus.

Ó quanto descontentamento!

Ó quanto viver!

[e jamais se arrepender].

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 28/09/2007
Reeditado em 02/10/2013
Código do texto: T672362
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