LUA NAMORADEIRA
Nos arredores de escorpião
Das anáguas coloridas de sidra e de mansidão.
Lua cor de sal
Por mais que se faça de rogada
Não figurará em álbum meu
Se não for natural, se não possuir majestade.
Lua de peito estufado
Sobre o céu da reclinada aurora
Donde brotam, fogosas, as estupendas anãs
Num olor de extremos, por quesito breve.
Entre navegações de mares infindos
Lance estolões dourados e se aprochegue
Como em delicado fruto da Fragaria fez o micélio.
Lua plena e serva do Aurélio
Largue as âncoras do teu coração
A uma nova porção rasteira do ‘então’
Uma ode ao impune lenço e o enxaguar de tuas lágrimas.
Meta por baixo do nariz de seu tempo, doses de batom
Do escuro ao amargo breu, ante a exatidão do espaço
[e que não lhe haja sem estilhaço]
Abrir-lhe-ão caminhos de seda, ó relutante obesa.
Saboreados quintais e astros a lhe procurarem nos beijos
Majestosos e céticos desejos lhe sepultarão as madeixas
Brindando ao longe, o infinito duradouro
Como pingo na neve, como dente de leão à brisa.
Ó mais linda e solitária lua!
Seja a namorada dos meus versos por mais apolíticos e impregnados que sejam
Se não os fossem, não seriam versos
Se caminhassem descobertos, não seriam meus.
Ó quanto descontentamento!
Ó quanto viver!
[e jamais se arrepender].