devaneios sobre saudade
O uísque não desce mais rasgando amargamente pela garganta [já que agora o gosto é saudade]. Então, encarando o reflexo da água, minhas lembranças me levam a você.
[Lembro-me perfeitamente dos seus olhos refletindo a luz da noite nesse mesmo lugar em meio a selva de pedras, consigo ouvir sua risada uníssona enquanto levava a garrafa de uísque barato à boca mais uma vez. Conversas, teorias, conspirações, tudo parece se encaixar, você até me faz questionar se há um futuro pra nós...]
Retorno à minha mente [já afetada pelo álcool], olho para o lado e só vejo o vazio onde costumava ser o seu lugar. Cadê você nesta noite? Olho o céu, bebo mais um gole dessa bebida amarga e, assim como a água em seus movimentos suaves, você lava toda sua alma do que te causei e me deixa a encarar sozinha as infindas luzes dos edifícios nesse reflexo em liquidez.