"Palavras"

O que penso das palavras? Sons que se acumulam em meus tímpanos, coagulando imagens e sentidos, são íngremes quando em conjunto e se avivam quando solitárias.

São refúgios, encontros e permissões. Tateáveis quando as alcanço, permeáveis extremosas, são hostis quando dissimulam, mas rendem-se na compulsiva entrega.

Ah, as palavras: singulares com sentidos vacilantes, receosas quando engendradas sem segredo. Sentenciam e absolvem.

Bandidas delirantes na desobrigação racional, mocinhas exuberantes na entrega da emoção. São variáveis em cada ocasião, permitem anonimato sem cumplicidade.

Na tirania são insolentes, imperam sem temer. Mas na passiva ação dóceis, desabrocham.

São palavras que me movem, conduzem-me ao fantástico, inebriam a realidade e mesclam minha vida.