Entidade poética

Quando jovem tive alguns diários
Que se perderam ao longo do tempo, dos caminhos
Meu primeiro diário ganhei aos treze anos de minha mãe.
Capa verde acolchoada...com uma chavinha dourada,
Pra que ninguém pudesse descobrir meus segredos.
E foi ali que comecei a escrever sem querer.
Ficava preocupada porque não escrevia todos os dias,
E para mim diário tinha que seguir o nome ao pé da letra...DIÁRIO
Mas nem todos os dias tinham novidades rsrsrs
E ali fui contando meus amores, minhas primeiras experiências na vida.
E já nessa época gostava de escrever poemas,
Tentava fazer rimas, combinações...
Mas tudo escondido, vindo do coração.
Esse diário acabou, e comecei um outro em um caderno de capa dura, que também acabou, e os dois se perderam em meio a mudanças e tantas coisas.
(Fico pensando em quem os achou ...oque pensou ...fico vermelha rsrsr)
E depois tem o último, com capa dura estampada com vários corações.
Esse ainda tenho, consegui salvar.
E hoje mais de quarenta anos depois, ainda leio algumas coisas nele
E ainda me reconheço naquelas linhas.
Sim, aquela garota ainda sou eu...
Durante anos parei de escrever...a vida tomou outros rumos, nem lembrava o quanto gostava de escrever.
No fundo, acho que a vida foi ficando tão chata que não tinha vontade de contar ao meu diário.
Mas aos poucos, de vez em quando escrevia alguma coisa...e deixava lá...guardado pra mim.
Vergonha de sentir, de ser !
Mas de uns tempos pra cá, a minha entidade poética pulou de dentro de mim de uma forma, que não consigo controlar
As palavras pulam na minha frente, saem da minha cabeça e pedem para serem escritas.
Agora me liberto, me dou o direito de escrever
Ainda tenho vergonha...mas não quero mais me esconder
Não escondo mais meus sentimentos, minhas palavras
Se elas querem sair que saiam.
Que encantem ou que não façam diferença mas existam...
Não terei mais vergonha, não terei mais qualquer outro sentimento
Que não seja GRATIDÃO