Chicote

Eu não sinto mais nada

Eu não falo mais nada

Nem quero ver mais nada não

Já ando grilada

Desapegada

Tentando abortar a razão

Meus punhos seguem

Firmes e fortes

Mas minha mente só quer respirar

Teu sangue das costas

Que voou do chicote

Respingou no meu corpo também

Teus pulsos cerrados

Teu grito calado

Gemia no oco

Dos ouvidos indispostos

Eu sinto muito

Excesso de tudo

Surtando dia sim

Alegre dia não

Me autoalienando aos poucos

Pra fugir dos imbecis

E dos vícios de tragos e comprimidos

Quero ser candeia pra mim mesma

E meu próprio óleo pra me alimentar

Quero ter a mão que não solta quem fica

Quero ter a mão que não prende quem vai

Quero ter pés que correm sabendo pra onde

E coração que não sangre tanto pelos meus, pelos seus, pelos nossos e dos outros.

Eu só queria sentir, mas nem tanto

E o suficiente pra tua dor não ser tão grande.

Natália Motta
Enviado por Natália Motta em 03/09/2019
Código do texto: T6736572
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