Chicote
Eu não sinto mais nada
Eu não falo mais nada
Nem quero ver mais nada não
Já ando grilada
Desapegada
Tentando abortar a razão
Meus punhos seguem
Firmes e fortes
Mas minha mente só quer respirar
Teu sangue das costas
Que voou do chicote
Respingou no meu corpo também
Teus pulsos cerrados
Teu grito calado
Gemia no oco
Dos ouvidos indispostos
Eu sinto muito
Excesso de tudo
Surtando dia sim
Alegre dia não
Me autoalienando aos poucos
Pra fugir dos imbecis
E dos vícios de tragos e comprimidos
Quero ser candeia pra mim mesma
E meu próprio óleo pra me alimentar
Quero ter a mão que não solta quem fica
Quero ter a mão que não prende quem vai
Quero ter pés que correm sabendo pra onde
E coração que não sangre tanto pelos meus, pelos seus, pelos nossos e dos outros.
Eu só queria sentir, mas nem tanto
E o suficiente pra tua dor não ser tão grande.