Big Mac

Big Mac

=======ErdoBastos

As palavras que nasciam na garganta dela rodopiavam, piruetavam no ar e iam parar na boca dele... Ela - sempre um passo atrás do pensamento dele - sempre um segundo atrasada, em cada palavra repetia o som de “eu te amo, eu te amo, eu te amo...”

Todas as palavras eram sempre as mesmas, palavras não ditas e que ela sentia ficarem flutuando entre os dois, como a poeira do passado quando sopra um ventinho e a remexe, a faz ficar flanando.

Algumas palavras ficam orbitando os ouvidos da gente e se repetindo, antes de se auto-destruirem.

Como as da última frase dele:

- Adeus, amor.

Uma frase curta. Tinha de ser.

Não por ironia, mas pra combinar com o tempo que ficaram juntos, tão pouco, tão pequeno. E vinda dele, a ela lhe parecia um discurso.

Olhos nos olhos, ela rebate com uma frase mais longa:

- Nada, além desta tua frase besta, começa com adeus ou termina com amor.

Sente um alívio. Pode discordar, afinal, de algo vindo dele.

Sentiu vontade de sentir-se ela de novo, de fazer o que gosta, simplesmente, sem “votação”.

Virando as costas pra não vê-lo nunca mais, foi andando sozinha e rindo consigo mesma, na direção do MacDonald’s.