erva daninha
sinto a crise subindo
pelos meus pés
entrelaçando em meus dedos
subindo
como erva daninha
esmagando e cobrindo minha pele
sinto a crise sugando tudo que existe
e também o que não existe
me colocando em um universo
inverso
e completamente apático
um limbo insistente
“é pra vida toda”
pensei enquanto tentava pôr de forma errônea
a fumaça do cigarro para dentro dos meus pulmões cansados
sentindo os pés gelados
e o chão sem pisoteado
naquela mercearia fechada
depressão é uma doença que nunca cura
não importa o quanto de químicos
coloque dentro do corpo
quantas drogas
quantos corpos
quantos sorrisos
ela é eterna
e indestrutível
senti tudo parando
“é pra vida toda”
e aquela fumaça saindo pelo pequeno objeto com
nicotina
entre meus dedos magros
senti o vento tocar minha pele e uma plena tristeza
uma depressão já conhecida
uma crise amante
e quase reconfortante
comodista
e olhei para os pés dela
para a perna coberta pela calça de cor
verde musgo
com aquele sorriso suave nos lábios
e olhar vago
e a nicotina se espalhando pelo ar
em forma de fumaça
uma nuvem branca
química
em uma cidade cinza
que brinca de ser amarela
em setembro
mês do nervosismo.