Sem tempo de sentir saudade
Sobre os relógios...
O tempo não voa mais
O tempo empurra pra frente
sem dar-nos chance
de sentir saudade
Pense na natureza...
Hoje comprei flores e um canário cantador
na seção de artigos de plástico
Adotei o relaxamento na grama sintética
e as caminhadas elétricas
na intimidade doméstica
E por onde anda calor humano?...
Há muito deixei de contar nos dedos
os amigos que tenho
Em número exato
É a máquina que me diz quem são
e dá testemunho de que estão bem
Preste atenção nas praças...
As praças estão vazias de alegria
são agora moradia improvisada
de pessoas abandonadas
Coisas bobas...
debruçar-se à janela
olhar as nuvens
olhar quem passa
virou atitude suspeita
Perdemos a naturalidade
que nos faz achar graça em coisas simples
Melhor dizendo,
já não sabemos o que é simplicidade