LEVE ESTAR

Sobrevôo mansão desconhecida com outorga da minha consciência

Por saber que os móveis não são meus, nem que eu fosse antiquário

Assim, espio as cordas estouradas, outras inda intactas em suas vestes.

A omoplata muda e deslocada – fratura exposta – à fúria e à ojeriza

Suor em passos excessivos baila termos que não atino a traduzir

Havia um piano ao pé do maior engano – rusga encoberta.

Serenos e cândidos acordes invulneráveis, insubstituíveis

Outrora estive à sala de jantar, donde sorriam louças amarelecidas

E o catre na mansidão do alcatroado alpendre... Em letargia.

As observações confiscaram meus olhos ingênuos e mascados

Puseram-nos em banho de Maria e de Ester, prostrados

Pelo menos, ao cair do açoite, deliciei estrelas com a Nona do mestre...

Sem as notas que levei pelo braço a passear... E a levitar.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 01/10/2007
Reeditado em 06/05/2008
Código do texto: T675751
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