COISA DE CRIANÇA

Oras! Quem foi que disse que o céu não é de algodão? Que não é doce, da nuvem, a porção? Quem foi que nunca foi feliz no parque, no carrinho de bate-bate, destarte, quem tinha medo de montanha russa andava no minhocão. A roda gigante que girava o mundo e o frio na barriga que dava, quando lá em cima ela parava, que emoção. Os meninos na rua, na espreita, vendo a tralheira ser montada. Quando não era parque, era circo, e a lona toda enfeitada. A música ambiente era gargalhada. Ah, que tempo bom! E da tristeza que dava, quando se ia embora, a gente se despedia já ansiando a próxima temporada. Mas que bobagem, quem foi que, quando menino, nunca fez traquinagem? Que nunca quebrou uma vidraça sequer, ou jogando bola, arrancou um tampo do pé? A bola caiu na vizinha, revezamento pra ir buscar, às vezes pulava o muro pra pegar. Era cada xingo, cada perigo. “Menino, desce daí já, passa pra dentro, eu vou pra tua mãe contar!”. Era pique na rua, pique esconde, pique pega, pique altinha, correria, joelho ralado, queixo cortado, choradeira, leva pro hospital, vai ter que costurar. Que susto! Olha o castigo, tome termo, “minino”! Alguém chama no portão, “ hoje mainha não deixou sair, mas se quiser você entra e a gente vê televisão”...”o amigo responde, que chato, então bora jogar botão?” . Não tinha mal tempo, aviãozinho de papel no vento, barquinho de papel na enxurrada, amarelinha na calçada...Ah, que tempo bom!

Caroline Campos
Enviado por Caroline Campos em 02/10/2019
Reeditado em 02/10/2019
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